A BASE CIENTÍFICA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Desde o primeiro alerta, ainda em 1990, que a comunidade científica tem vindo a elevar o nível de alarme sobre as consequências do aumento da concentração dos gases com efeito de estufa no sistema climático.
O efeito de estufa é um fenómeno conhecido desde há muito. Já em 1896, o cientista sueco Arrhenius publicava na Academia Real das Ciências sueca uma primeira tentativa de quantificação do efeito de estufa e em particular do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera sobre a temperatura global do planeta. Já antes, a propriedade de absorção de radiação infra-vermelha de alguns gases tinha sido confirmada experimentalmente em 1859 por John Tyndall. A quantificação de Arrhenius apenas levantava o véu da possibilidade de um efeito global do aumento da combustão de combustíveis fósseis sobre o planeta. Arrhenius considerava que possivelmente uma duplicação dos gases com efeito de estufa na atmosfera levaria a um aumento na temperatura global de 5ºC mas acreditava que tais níveis seriam atingido ao longo de milénios. As conclusões de Arrhenius foram disputadas por muitos físicos – a sua teoria parecia simplista e não contar com muitos complexos efeitos climáticos, como o papel dos oceanos, ou o efeito “albedo” (a reflexão da luz solar pelo branco das nuvens). A procura de dados científicos que pudessem esclarecer a exata dimensão do fenómeno teve que esperar avanços na instrumentação meteorológica e de análise de composição dos gases. A controvérsia prolongou-se por décadas.
Muitos anos mais tarde, Charles Keeling, trabalhando com dados do observatório astronómico de Mauna Loa, no Hawaii e da Antártica estabelece pela primeira vez uma série longa de observações que veio constituir a primeira evidência da velocidade do aumento da concentração de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono em particular) na atmosfera. O gráfico produzido por Keeling é hoje um dos mais conhecidos argumentos pela existência do efeito de estufa:
Fonte: The Keeling Curve - Mauna Loa Observatory (https://www.esrl.noaa.gov/gmd/obop/mlo/)
O seu impacte na teoria climática é muito importante, mas ainda assim esses resultados vieram numa época em que se discutia mais a possibilidade de uma nova “época de gelo” (efeitos climáticos temporários mascararam a evolução do clima global durante os anos 40 e 50).
O tema vem finalmente a ser retomado quando a série de medições da temperatura global confirma finalmente a prevalência do efeito de estufa de Arrhenius e Tyndall.